transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Cada criança é única e tem uma forma especial de aprender. Elas têm talentos, interesses e jeitos próprios de pensar e ver o mundo — e está tudo bem. Nenhum pai ou mãe recebe um manual pronto para lidar com essas diferenças, mas cada passo de observação e cuidado já faz toda a diferença.

Reconhecer alguns sinais de alerta do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ser o primeiro passo para garantir que estudantes tenham a oportunidade de se desenvolverem de maneira saudável e confiante.

E lembre-se: familiares e responsáveis não devem reforçar rótulos e devem buscar ajuda de profissionais para esclarecer suas dúvidas e ir em busca de um possível diagnóstico. Você não está sozinho. Existem redes de apoio e caminhos possíveis para um acompanhamento eficaz.

O que é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?

O TDAH não é apenas “falta de foco” ou “agitação em excesso”, como muitas vezes é reduzido no senso comum. Trata-se de um transtorno reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e presente nos principais manuais de psiquiatria, como o DSM-5.

O transtorno pode se manifestar de três formas:

Pessoas com TDAH não são definidas apenas por suas dificuldades. Muitas apresentam características valiosas, como criatividade, energia, sensibilidade, hiperfoco e uma forma única de enxergar o mundo. Esses aspectos, quando bem compreendidos e estimulados, podem se transformar em pontos fortes em sua vida pessoal e escolar.

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Quais são os principais sintomas?

Os sintomas do TDAH geralmente se manifestam ainda na infância, antes dos 12 anos, e ficam mais perceptíveis quando a criança entra na escola, onde há maiores exigências de concentração e organização. O diagnóstico acontece, com mais frequência, entre os 8 e 10 anos.

Há casos em que os sintomas de desatenção só ficam evidentes na adolescência ou até mesmo na vida adulta, o que explica os motivos para que tantas pessoas passem anos sem uma avaliação adequada.

Os sintomas variam conforme a idade e o contexto:

É importante lembrar que todo mundo pode ser distraído ou agitado em alguns momentos. O diagnóstico só deve ser considerado quando esses comportamentos são persistentes e comprometem a vida escolar, profissional, social ou afetiva.

Como é feito o diagnóstico?

O papel da família não é diagnosticar, mas observar, registrar momentos e manter diálogo com a escola. A avaliação deve ser feita por profissionais especializados, como psicopedagogos, neurologistas e psicólogos.

O diagnóstico vai depender da avaliação multidisciplinar, em diferentes contextos (casa e escola) e persistência dos sintomas.

Como explica Cleide Hoffmann Bernardes, psicopedagoga e gestora técnica no Instituto You.up: “Cada criança manifesta os sintomas de forma única, por isso a observação cuidadosa e a avaliação profissional são fundamentais. Identificar cedo não significa rotular, mas abrir caminhos para que ela receba o apoio de que precisa para se desenvolver com confiança”.

Tratamento e qualidade de vida

Não existe um caminho único para tratar o TDAH. O acompanhamento mais eficaz envolve diferentes estratégias:

“O tratamento do TDAH envolve uma rede de cuidados: família, escola e profissionais de saúde e educação. Não existe fórmula única, mas caminhos que, juntos, ajudam a criança ou adolescente a desenvolver suas habilidades, superar desafios e crescer com um sentimento de competência. O diagnóstico não fecha portas, pelo contrário: abre possibilidades de apoio”, reforça Cleide.

O tratamento deve ser individualizado e reavaliado periodicamente — o que funciona aos 8 anos pode precisar de ajustes na adolescência. A ideia é que a criança ou o adolescente cresça aprendendo a lidar com suas características.

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Mitos e Verdades sobre o TDAH

Quando o assunto é TDAH, ainda existem muitas dúvidas e ideias equivocadas. Entender o que é mito e o que é verdade é essencial para apoiar melhor crianças, adolescentes e adultos. Confira:

Toda criança agitada tem TDAH?

Crianças pequenas são naturalmente ativas. O TDAH envolve um conjunto de sintomas persistentes, que aparecem em diferentes contextos (casa, escola, atividades sociais) e exigem avaliação profissional.

O TDAH é apenas falta de disciplina ou limites?

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, de origem biológica. A educação e a rotina influenciam o comportamento, mas não causam TDAH.

Crianças com TDAH não aprendem?

Elas aprendem, sim! Mas podem precisar de estratégias diferenciadas, como métodos ativos, pausas, recursos visuais e apoio personalizado.

O diagnóstico rotula a criança para sempre?

O diagnóstico não é um rótulo, mas um caminho para entender melhor a criança e oferecer suporte adequado. Identificar cedo pode transformar positivamente sua trajetória escolar e emocional.

O TDAH some na adolescência ou na vida adulta?

O TDAH pode acompanhar a pessoa em todas as fases da vida, mas os sintomas mudam com o tempo. Com o tratamento e apoio adequados, é possível desenvolver autonomia e qualidade de vida.

Conclusão

O TDAH não define quem uma pessoa é. Com informação correta, acolhimento e acompanhamento adequado, é possível transformar desafios em oportunidades de aprendizado, autonomia e crescimento.

O diagnóstico não deve ser visto como um fim, mas como o início de um caminho de descobertas, apoio e desenvolvimento.

Compartilhe este conteúdo com familiares, amigos ou colegas de trabalho: falar sobre TDAH é um passo essencial para quebrar mitos e promover acolhimento.

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